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Fim da minha quarentena


Hoje regresso, parcialmente, ao trabalho. Termino assim dois meses e oito dias em que, de um dia para o outro, o mundo se virou do avesso. Dói-me ver a minha agenda tão vazia durante tanto tempo e, quando escrita, tem a palavra "adiado  quase sempre associada.
Quem me lê e acompanha sabe quão duro foram estes dias. Quanta revolta. Quanta lágrima. Quanto soluço de dor. Vejo muita gente a dizer que aproveitaram, que a vida nos obrigou a parar, que isto e aquilo, tudo envolto num palavreado digno de um bonito livro. Eu hoje disse-o e volto a dizer, não consigo ver nada de positivo no que se passou. Falo por mim. Falo pelo que vivenciei. Falo pela minha experiência.
Consegui, em parte, parar a cabeça no que ao trabalho diz respeito, sim. Não senti falta e aguentava, na boa, mais uns dias, mas por outro lado sinto que a minha cabeça precisa desta agitação e rotina do dia a dia. Se me apetece ter o telemóvel a tocar para resolver situações de trabalho? Zero. Se me apetece passar o verão enfiada num shopping? Muito menos. Mas está na hora de voltar e que possamos voltar em grande e em segurança.
A incerteza, o lay-off, o medo, o casamento, a saúde dos nossos, a ausência. Foram muitas as coisas que perdemos ao longo destes meses... Não sei a forma como um dia falarei disto aos meus filhos e netos, não sei o interesse que tudo isto um dia terá. Sei que vivemos, todos juntos, uma pandemia que ainda não acabou. Que não sei se não estará agora a começar (as consequências que ela nos traz).

Dediquei-me mais à cozinha e à minha casa, e se já o sabia, mais ciente disto fiquei: não gosto de ser dona de casa.
Passei muito mais tempos com os meus animais. Brinquei mais, fiz mais festinhas, e isso foi óptimo.
Plantei e mudei plantas. Ainda estou na dúvida se tenho jeito ou não.
Surpreendi-me porque só na primeira semana impliquei com o namorado pelo simples facto de existir :X pensei que fosse bem pior ehehe
Acolhemos a minha sogra na nossa casa porque o psicológico trama-nos a todos.
Tive saudades da minha vida antes disto tudo: de estar em família, de ter a minha irmã sempre a melgar para irmos lá lanchar, da Páscoa a que nunca liguei.
Não acreditei em momento nenhum que isto nos tornasse pessoas melhores.
Agradeci e agradeço muito o facto de ter um trabalho que, apesar de tudo, me continua a pagar.
Vi a barriga das minhas amigas grávidas crescer à distância.
Não li. Não consegui.
Adiei o meu casamento.
Fui ao fundo do poço psicológicamente, mas hei-de levantar-me.

A vida parou-nos. Mas nós não parámos.

Que a partir deste regresso, tenha coragem para enfrentar o novo mundo que me espera.



Comentários

  1. Diz e muito bem se o vírus não estará agora a começar. Temo que esteja mesmo, olhando à irresponsabilidade conhecida entre muitas , mesmo muitas, pessoas
    Dê mesmo graças a Deus por ter emprego e receber o seu ordenado. Receba isso como uma dádiva de Deus.

    De resto o que interessa mesmo é ser feliz, não é mesmo?
    .
    Cumprimentos

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  2. vai ser uma montanha dura de subir, mas quando chegar ao cume valerá a pena
    Força

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  3. Que esse recomeço traga muito sucesso e sorte!

    Beijo e uma boa tarde!:)

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  4. É verdade, é tudo isso!
    Mas isto aos poucos vai-se compondo. Mas estes dois meses que ficam para a história, eu dispensava completamente!!

    Beijos e abraços.
    Sandra C.
    bluestrass.blogsot.com

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  5. Também regresso no dia 1 de Junho ao trabalho e, sinceramente, estou ansiosa porque estou farta de estar em casa.. saturada, mesmo. Foram 2 meses difíceis, mas a página vai virar e a história continua... não tarda nada isto não será mais do que um mero capítulo (triste) das nossas vidas.
    beijinhos
    Tropa do Batom

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  6. Espero que o teu regresso corra bem, em segurança, e que seja o (re)início de algo bom :)

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