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Faz hoje precisamente seis anos que te vi pela última vez. Não te toquei, não te beijei, não fiz nada. Não quis sentir o frio que já te tinha habitado. Faz hoje seis anos foi o dia do teu funeral.
Morreste no primeiro dia do mês de Fevereiro. E, desde aí, o meu coração e a minha vida ficaram mais pobres. Tenho saudades dos teus olhos azuis e do teu cabelo branco. Tenho saudades de o barbeiro cá vir casa fazer-te a barba. Tenho saudades de te beijar a testa enquanto dormias tão sossegadinho na tua cama, já tão doente. E eu chorava. E pedia saúde para ti.
Tenho saudades tuas. Contigo eu nunca estudei sózinha, e tenho saudades de estudar contigo. Os dois, sentados à mesa, eu a ler em voz alto e tu nem te importavas de me ouvir e teres a tv desligada. E a doença fazia com que mexesses em tudo e passasses a mão constantemente pela cabeça já meio careca. Adoravas mexer na ponta das minhas capas. E acredita que estudar sem ti fez-me mesmo muita falta.
Depois de saires desta casa "para sempre", muitos foram os dias que vinha imediatamente à sala ver de ti. Mas já não estavas. Ficou só a tua "menina" com o espaço todo para ela.
Eras guloso. E lembro-me do dia em que juntos devoramos uma caixa de bombocas. Lembro-te de me olhares como que a pedires. Voltaste a ser criança, com brilho no olhar. O brilho de quem quer e o brilho de quem ja nada pode.

Obrigada por tudo. Serás sempre o Homem que me viu crescer e que contribuiu para a minha educação. Serás sempre o meu Avô,e será de ti que os meus filhos, um dia que os tenha, irão ouvir falar.

Porque te amo... Até sempre.

Comentários

  1. Muito bonito o texto, e o sentimento também *

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  2. Lindo o que o coração te ditou.
    Ana Bela

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  3. Ainda tenho o avô que sempre viveu connosco. Não está doente, mas a idade já vai avançada... Os avós são parte de nós ensinam-nos tanto e custa tanto quando nos deixam.
    Belo texto coquinhas.

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