Quando perdemos o amor da nossa vida

Paula Lobo Antunes esteve hoje em Alta Definição e, obviamente, foi tema central o Pai dela que já faleceu. Ouvi-la foi ouvir-me a mim mesma a falar da minha Avó. No dia que ela morreu foi assim que eu disse às minhas melhores amigas, que tinha perdido o amor da minha vida. A Paula diz que o nosso pai é o nosso primeiro amor. E o que foi para mim, e para nós todos, a minha Avó, senão o nosso Pai? Naquele dia eu perdi o verdadeiro e mais bonito amor da minha vida. Podem existir muitos, nenhum como aquele.
A minha Avó sabia tudo. Lia-nos o sorriso e o olhar. E fazia-nos mais felizes só por existir. Existirá sempre um vazio que jamais será preenchido. É um luto que nunca está concluído. Sim, ninguém percebeu que os meus olhos se encheram de dor quando, no casamento da minha amiga Mónica ela foi tirar uma foto com a Avó. Eu nunca terei uma foto dessas. Também ninguém percebeu que, no aniversário do Guilherme tive mesmo que virar a cara quando a bisavó lhe pegou ao colo. Não é inveja, mas é muita dor.
Naquele dia morreu o amor da minha vida, e com esse amor morreu uma parte de mim também. Lobo Antunes também deixou escrito que só morremos verdadeiramente quando morre a última pessoa que se lembra de nós. Enquanto eu viver, enquanto os meus irmãos e sobrinhos e primos viverem a minha Avó viverá. E isso não chega, mas acalma... (e nunca disse a ninguém...mas pela minha Avó tenho medo de um dia, por algum motivo ou doença, perder a minha memória e, com ela, as recordações. Tenho mesmo muito medo).